terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Um Divã para Dois


Um Divã Para Dois
Título Original:  Hope Springs (2012)
País de Origem:  EUA
Gênero:  Comédia Romântica
Tempo de Duração: 100 minutos
Direção: David Frankel

Um Divã para Dois (2012) Trailer Oficial Legendado

Estamos num momento de filmes sobre maturidade e sexualidade. Isso é muito importante, pois o tema Sexualidade na Maturidade era (ou ainda é?) um tabu. Era como se os maiores de 60 anos fossem assexuados. Mas não, a sexualidade só tem seu fim com a morte. O filme “Um divã para dois” é um desses filmes.

Prefiro usar o termo Sexualidade na Maturidade, pois 'melhor idade' é sempre a que estamos vivendo no momento, 'terceira idade' – a numeração não corresponde ao ciclo da vida (infância, adolescência, juventude, adulto, velhice), e 'idoso' na nossa sociedade é quase a morte! Então, opto pela Sexualidade na Maturidade. É uma fase da vida na qual acontecem mudanças biológicas inevitáveis Porém, a sexualidade está para além do sexo, é também afetividade, cumplicidade e relacionamentos. Assim, as mudanças biológicas associadas à idade podem interferir na forma (a flexibilidade muda) e no tempo (maior o tempo de resposta dos corpos), mas não no prazer e nem na qualidade. Aliás, dizem as “boas línguas” que com a experiência e maior disponibilidade de tempo fica melhor! Agora, tudo isso vai depender de como cada um lida com a velhice.

Porém, “Um divã para dois” retrata também o casamento, suas alegrias e tristezas. Independente da idade. Muitos dos meus pacientes (ou clientes, se preferir) trouxeram o filme para a terapia. Falaram sobre situações do filme, como, por exemplo, de que forma o casal do filme chegou àquele distanciamento. E, sobre situações reais: como os casamentos deles mesmos chegaram àquele distanciamento. O interessante é que a fala é de casais na faixa dos 20 e 30 anos de idade. Logo, o cuidado com o relacionamento é importante em todas as formas e momentos.

Geralmente usamos o filme como recurso na terapia. Indicamos filmes para ajudar a pensar sobre. Mas, “Um divã para dois” desperta por si só identificações ao trazer as questões delicadas e doloridas na vida de um casal. No caso do filme, um casal com 31 anos de casamento.

O que Kay (Meryl Streep) busca com o tratamento intensivo é uma mudança. Mudança de comportamento do marido. E lá percebe que também tem de fazer mudanças. Também parou de cuidar. A terapia de casal é isso, não buscar um culpado pela situação, mas sim, como o casal contribuiu para chegar neste ponto, para então, mudar. Mudança de atitude é o que buscamos na terapia. E muitas vezes o confronto é inevitável.

Já Arnold (Tommy Lee Jones) acreditava que vida de casado é “assim mesmo”. Não é! A vida de casado deve ser como vocês (casais) querem que ela seja. Cada um deve fazer as suas escolhas, cuidar do seu bem estar e prestar atenção aos seus gostos e vontades e de quem está ao seu lado. Lembre-se do comando no avião – em caso de emergência, ao caírem as máscaras, coloque a sua primeiro e depois ajude quem está a seu lado. Logo, esteja bem para cuidar da relação.

Outro ponto importante que o filme aborda é a comunicação. Não há nada mais estimulante que um bom diálogo e intimidade. Acompanhamos essa trajetória da comunicação na relação de Kay e Arnold.

A afirmativa “casamentos não mudam” é um mito. A não ser que um dos dois ou os dois não queiram. Pois, os dois têm de tentar, de fazer, de mudar. Kay e Arnold seguem nessa busca, a busca pelo reencontro, uma reconstrução diária. A felicidade é feita de momentos e uma forma de construi-la é através dos momentos de crise.

Então, como disse Dr. Feld (Steve Carell), o terapeuta: “Até mesmo ótimos casamentos têm anos péssimos. Tão péssimos que se fica tentado a desistir. Mas não desista!"

E, como se abordou no filme “Um divã para dois”, nós (me incluo aqui), terapeutas de casais, somos procurados por duas razões: Ajudar na separação ou ajudar no reencontro. E, é fato: alguns casais não deveriam estar juntos. A idealização do casamento é um fator que contribui para o seu fim. O que seria um casamento de verdade?

E você, fez tudo o que podia por você e pela relação ou está esperando pelo outro?

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