segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Augustine



Augustine (França, 2012)
Gênero: Drama
Duração: 102 minutos
Direção e Roteiro: Alice Winocour

 

Sinopse: Inverno de 1885, Paris. O professor Charcot, do Hospital Pitié-Salpêtriere, está estudando uma doença misteriosa: a histeria. A jovem Augustine, de 19 anos, torna-se sua cobaia favorita e o professor usa a mulher em suas demonstrações de hipnose. Aos poucos, ela vai passar de objeto de estudo para objeto do seu desejo...


O filme Augustine não traz um tema novo para as telas. A Histeria vem sendo explorada de diversas formas. A minha pergunta é: por que a retomada do interesse pelo tema agora?

Acredito que o tema sexualidade da mulher esteja sendo novamente (ou ainda) intrigante. Hoje tem se falado e estudado o orgasmo e a ejaculação feminina, a violência contra as mulheres, o desejo sexual da mulher. E como a histeria revela essa sexualidade a ser contida (considerada uma das gêneses da histeria), o interesse ao tema é retomado. Como reconhecer ou negar o prazer da mulher?

Augustine é uma personagem real. Sua história e importância são reveladas no filme. Ela foi uma das mais importantes pacientes do famoso Charcot, médico responsável pela também famosa clinica psiquiátrica feminina Salpêtrière, em Paris. Era final do século 19 quando surgiram os primeiros estudos, diagnósticos e tratamentos científicos da histeria. É uma época em que as mulheres estão amarradas pelos seus espartilhos, que prendem seus desejos.

A sexualidade contida de Augustine está escancarada durante todo o filme. Ela é dissimulada. Pelos seus olhares e expressões corporais vemos que seu objetivo é ser única e especial para seu médico, Charcot. O desejo é tamanho que sua esposa percebe, mesmo de longe.

O caráter transferencial é outro ponto alto do filme. A relação conflituosa entre médico e paciente pode ser observada nos claros momentos de interesse cientifico e vaidade acadêmica de Charcot e principalmente na tensão sexual entre ambos.

O filme “Augustine” é de tons escuros e sombrios. Interessante observar os significados das mudanças de cores das roupas de Augustine. À medida que vai transcorrendo o tratamento ela sai do bege e branco, passa pelo vermelho (ao menstruar), segue para o azul e chega ao preto.

Assim, mesmo o tema Histeria não ser novidade, “Augustine” é um bom filme para se (re)pensar a sexualidade feminina. E levantar questões pertinentes sobre a histeria, do início até os dias de hoje... Pois, o estudo da histeria foi um modo de desvendar a natureza feminina, considerada como incompreensível.
 
Veja também:

Hysteria 

Um método perigoso 

Jornada da Alma 

 

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