quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Closer - Perto Demais


Título original: Closer
Lançamento: 2004 (EUA)
Direção: Mike Nichols
Atores: Natalie Portman, Jude Law, Clive Owen, Jaclynn Tiffany Brown.
Duração: 100 min
Gênero: Drama
Closer Perto Demais Trailer LEGENDADO

Sinopse
Anna (Julia Roberts) é uma fotógrafa bem sucedida, que se divorciou recentemente. Ela conhece e seduz Dan (Jude Law), um aspirante a romancista que ganha a vida escrevendo obituários, mas se casa com Larry (Clive Owen). Dan mantém um caso secreto com Anna mesmo após ela se casar e usa Alice (Natalie Portman), uma stripper, como musa inspiradora para ganhar confiança e tentar conquistar o amor de Anna.

O que causa mais ciúmes: traição sexual ou emocional?
Por Ailton Amelio

Recentemente revi um filme que fez muito sucesso em 2004/2005: “Perto Demais” (“Closer”)1. O enredo desse filme trata da mulher de um médico dermatologista que desenvolve um caso com um escritor principiante. Este caso começou quando ela estava separada do marido anterior e ainda não havia se envolvido com o médico. Ela é uma fotógrafa bem sucedida e vai fotografar o escritor para ilustrar a capa do seu livro, que está para ser lançado, e acaba se envolvendo com ele. Durante o período mostrado no filme, eles continuam o caso, embora agora ela já esteja casada com o médico e escritor, com uma moça que já foi stripper.
O mais interessante dessa história, para este artigo, é a estratégia ardilosa do médico para reaver a esposa e se vingar do escritor: ele pressiona a ex-esposa para dormir com ele pela última vez. Ele argumenta que ela deve-lhe isso pelo tempo que o enganou, para que ele deixe de procurá-la e, principalmente, para que ele lhe conceda o divorcio. Ela cede. Ele também procura a ex do escritor, que a esta altura voltou à profissão de stripper, e consegue dormir com ela. Assim tira a possibilidade do escritor se consolar com a sua ex quando ele quando ele perder a mulher do médico!
O médico calcula, acertadamente, que essas duas mulheres não deixarão de revelar para o escritor, no devido tempo, que dormiram com ele e que o escritor vai querer saber os detalhes sexuais desses episódios. Elas, como não sabem da importância da traição sexual para os homens e porque são sinceras, contarão tudo, o tornará inviáveis os seus relacionamentos com o escritor (Não vou contar aqui outros detalhes para não tirar o seu prazer de assistir esse filme).
O ponto desse filme que quero ressaltar aqui é a importância da traição sexual para os homens. O médico sabe induzir direitinho esse tipo de traição nas duas mulheres que parecem não se darem conta do quanto isso afetará o escritor e acabam por confessar-lhe o ocorrido e, o que é pior, relatam todos detalhes sexuais dos encontros.
Este filme ressalta indiretamente uma pergunta cuja resposta tem sido bastante pesquisada, mas que ainda está sujeita a polêmicas: “Os homens geralmente têm mais ciúmes da traição sexual e as mulheres, da afetiva?”.
Existem diversos estudos sobre este fenômeno. Em um deles, David Buss e colaboradores2 procuraram avaliar as reações de homens e mulheres diante de uma traição sexual e de uma traição afetiva. Pediu aos participantes da pesquisa que imaginassem duas situações: na primeira o parceiro estava praticando sexo com uma rival e na segunda, ele estava se envolvendo afetivamente com ela. Para avaliar as reações a estas duas situações, os pesquisadores entrevistaram os participantes após imaginarem cada um destes tipos de traição e monitorarem varias de suas reações fisiológicas (usaram eletrocardiogramas, eletroencefalogramas, medidores de pressão etc.) enquanto imaginavam seus parceiros cometendo cada um dos dois tipos de traições.
Os participantes apresentaram fortes reações aos dois tipos de traição. No entanto, os homens tendiam a reagir mais fortemente à traição sexual e as mulheres, à afetiva.
No meu consultório tenho observado um padrão claro de reações de homens e mulheres traídos: quando são os homens que traem, as suas mulheres tentam determinar, arduamente, quanto de envolvimento houve, quão ameaçadora é a rival (bonita) e se o parceiro pretende deixá-las pela amante. Os homens que traem e não pretendem deixar o relacionamento tentam passar a versão que foi só sexo, o que na maior parte das vezes é verdade. Quando são as mulheres que traem, seus parceiros ficam obcecados pela traição sexual e dão bem menos importância para o envolvimento afetivo. Eles ficam obcecados pelos detalhes sexuais da traição e elas, muitas vezes, ingenuamente os relatam, principalmente por não calcular o impacto que isso terá nos parceiros. 
A traição feminina é considerada mais perigosa do que a masculina para a sobrevivência do relacionamento porque ela geralmente envolve as duas coisas: afeto e sexo, ao passo que a masculina muitas vezes envolve apenas a atração sexual. Essa diferença ocorre porque as mulheres geralmente só traem com alguém por quem sentem alguma coisa e que tem características para serem seus parceiros para outros tipos de relacionamentos.
A teoria que melhor explica o maior grau de preocupação masculina com a traição sexual de a feminina, com a traição afetiva é a teoria psicobiológica que vamos examinar agora.

Homens são obcecados pela traição sexual e as mulheres, pela afetiva
Segundo a teoria psicobiológica, o que explica esta obsessão masculina pela traição sexual da parceira é a incerteza da paternidade: o homem nunca está seguro que é o pai. Caso o homem não se preocupasse com a fidelidade sexual da esposa, ele correria sérios riscos de investir todos os seus esforços em filhos de outros homens e não nos seus próprios filhos. Aqueles homens que agissem assim provavelmente não passariam os seus próprios genes para as gerações seguintes. Mesmo que estas preocupações estejam presentes, ainda assim existem estimativas, calculadas através de testes genéticos de paternidade, que cerca de 10% das crianças não são filhas dos pais presumidos. Os autores da teoria psicobiológica afirmam que esta preocupação com a paternidade está instalada nos genes, pois aqueles homens que não a possuíam não deixaram descendentes.
As mulheres, por outro lado, quase nunca têm dúvidas de que são as mães de seus bebês (a troca de bebês em hospitais não existia naquela época!). Suas preocupações säo de outro tipo: elas se preocupam com a possibilidade dos seus maridos se envolverem com outras mulheres, o que aumentaria as chances deles as abandonarem para ficar com o novo amor e, desta forma, cessarem ou diminuirem suas contribuições para a criação dos filhos que tiveram juntos (no Brasil, quase noventa por cento dos filhos ficam sob a guarda das mulheres quando há separação).
Além dessas possíveis motivações biológicas, a sociedade também amplifica os significados da traição sexual por parte das mulheres e das traições afetivas por parte dos homens. As condenações cruéis e cruentas que as mulheres são submetidas em várias sociedades quando säo pegas traindo são um exemplo desse tipo de amplificação.
Portanto, o médico do filme “Perto Demais”, soube como tornar intolerável para o escritor o seu relacionamento com as duas mulheres: acionou nele o pior dos ciúmes para um homem – a traição sexual.  O fato das mulheres revelarem todos os detalhes do sexo que praticaram com o médico tornou tais traições ainda mais insuportáveis para o escritor.

Notas:

     1.  Filme: “Perto Demais”. Título original: (Closer). Lançamento: 2004 (EUA)

2. Buss, M. D. (2000). A Paixão Perigosa. São Paulo, Editora Objetiva (ver pesquisas sobre este tema no capítulo 3: “Ciúmes em Marte e Vênus”)

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Fonte: http://ailtonamelio.blog.uol.com.br

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A árvore da vida


Título Original: The Tree of Life (2011)
Direção: Terrence Malick
Roteiro: Terrence Malick
Gênero: Drama/Fantasia
Origem: Estados Unidos
Duração: 139 minutos



Filme polêmico. Ou a pessoa gosta ou odeia. Vou aqui registrar a minha sensação e opinião.

Se você aguarda um filme hollywoodiano, desista. É um filme com uma linguagem diferente, é visual. É como uma vivência. É a retomada de momentos de vida.

O filme não apresenta uma regra de entendimento. Se for assisti-lo, não racionalize, sinta. Viva os flashes da sua própria infância. Reative sua memória.
A sequência da criação é belíssima. Imagens que te levam a “entrar” no filme. A explosão do orgasmo dando início à nova vida. À concepção. À geração. O amor. A dor. A espiritualidade.
Um filme sobre o amor. Sobre relação familiar. Relação pai e filhos. O essencial.
Num ritmo lento, silencioso e com uma bela e tranquilizadora fotografia acompanhamos o resgate do homem pela sua infância.
Assim, movimentos lentos se contrapondo à nossa realidade. Grandes construções x Grandes árvores contrastam a destruição e a reconstrução. A natureza e seu fim.  Elementos: Água, Terra, Fogo e Ar compondo momentos em que a cor vermelha é pontuada. Vermelho, vida. Vermelho, morte. Vermelho, sangue.
Por fim, o filme “A árvore da vida” é uma grande reflexão filosófica e teológica sobre a vida, sobre o essencial.
 “Segundo a graça ou segundo a natureza?”



 
   

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Once upon a time - Série

Once Upon a Time - Trailer Legendado




Once Upon A Time

O encontro de dois mundos – o conto de fadas e a realidade. Essa é a intenção da nova série “Once upon a time”. Assisti ao primeiro episódio e o que ficou foi:

“Para que servem os contos de fada?
Uma maneira de lidarmos com o nosso mundo. Um mundo que nem sempre faz sentido”.

Deixo aqui a opinião de Marcos Antonio dos Reis.  

"Once Upon A Time", uma série de encantar

por Marcos António dos Reis

De vez em quando somos presenteados com algo de absolutamente diferente, algo que nos faz sorrir sem perceber, como doce uma brisa de ar fresco numa tarde quente de verão.

A nova série da ABC é, de facto, uma delicia! Tem o título original de 'Once Upon A Time' e arriscaria a chamar-lhe em português ‘Era Uma Vez’. A história baseia-se nos contos infantis, misturando a sua magia com a realidade dos nossos dias, aos olhos de uma criança.

Criada pela dupla Adam Horowitz e Edward Kitsis, anteriormente produtores executivos em 'Lost', a série conta à partida com um elenco entusiasmante mas equilibrado. Desta vez e na produção está Damon Lindelof, o mesmo que havia trabalhado com a dupla de criadores em 'Lost'. 

História 

Henry Mills (Jared Gilmore) é uma criança que vive as histórias de encantar como se de algo real se trate, na pequena cidade de Storybrook, em Maine. Adoptado pela Mayor da cidade, a intrépida Regina (Lana Parrilla), foge com o seu favorito livro de contos, procurando encontrar a sua mão biológica.

Chegado a Boston encontra finalmente Emma Swan (Jennifer Morrison), a sua mãe biológica, no dia do seu 28º aniversário. Emma é uma mulher só, também ela abandonada pelos pais biológicos e que demonstra enorme relutância em aceitar Henry como a criança que deu para adopção há 10 anos. No entanto Emma tem a capacidade singular de perceber se as pessoas estão ou não a dizer a verdade.

Movida pela honestidade da criança – que ela percebe ser o seu filho – decide levá-lo de volta para a sua mãe (adoptiva). No caminho, o rapaz vai-lhe explicando que ele próprio vive num conto de fadas, com a rainha má como madrasta. Conta-lhe também que todos os habitantes da cidade são personagens dos contos que perderam a memória, numa terra onde o tempo parou por feitiço. Henry explica que somente Emma os poderá salvar. Naturalmente que Emma em nada disto acredita.

Durante o episódio piloto, vamos acompanhando, na “terra dos sonhos”, o casamento da Branca de Neve (Ginnifer Goodwin) com o Príncipe Encantado (Josh Dallas). No entanto o casamento é interrompido pela Rainha Má que os avisa de um feitiço que está a ultimar. Ela vai retirar a todos a parte do “feliz” e apenas deixar o “para sempre”.

O feitiço acontece meses depois, quando a Branca de Neve dá à luz uma bela menina. Alertados de que a sua pequena filha será a salvação de todos, mas apenas aos 28 anos, as fadas protegem-na, fazendo com que desapareça. O seu nome é Emma!

Ao longo do episódio piloto vamos vendo que a Rainha Má é a Mayor Regina, possivelmente a única que manteve a memória de tudo. Mas também começamos a reconhecer outras personagens. A Branca de Neve, que é a educadora de infância Mary Margaret Blanchard; o 
Príncipe Encantado que está - ironicamente - em coma; mas também Gepéto, a Capuchinho Vermelho, a Avó… todos sem memória, numa cidade onde o tempo não passa.

Perante este cenário e a insistência de Henry, Emma decide ficar uma semana, e o tempo arranca de novo! 

Veredicto (inicial) 

É uma alegria revisitarmos o nosso imaginário e ver a forma hábil como os criadores da história coseram as partes, pelo menos no arranque. Do ponto de vista visual, a série apresenta-se – como seria de esperar – fabulosa, desde os guarda roupas de princesas e príncipes, até aos ambientes dos castelos e maldições.

Pena é que a televisão não seja pródiga a apresentar conteúdos com esta qualidade e que, normalmente, esteja tão dependente dos resultados das audiências. Por agora, esperemos que a série seja capaz de aguentar os números da estreia, numa exigente ABC que, mesmo estreando-a online dias antes, consegui um excelente resultado na estreia televisiva, o que não só atesta da qualidade da série, como também do facto de estes serem definitivamente públicos diferentes.

Esperamos ainda que se mantenha nos próximos episódios o mesmo nível e consistência no guião, com que nos entusiasmou este piloto.

É a série do mês, e promete encher de alegria o imaginário de todos os graúdos que ainda guardam um pouco de miúdos.