terça-feira, 23 de novembro de 2010

Festival de Brasília do Cinema Brasileiro


23/11/2010
Começa a 43ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
» Tiago Faria

 
 
A alegria, de Felipe Bragança e Marina Meliande (106min, RJ), será exibido nesta quarta
Assombrado pela crise política que se instalou no Governo do Distrito Federal em 2010, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro não perdeu o gosto pela resistência. A mostra mais combativa do país está pronta para, a partir de hoje, confirmar um hábito antigo: a defesa de filmes inquietantes, muitas vezes radicais, que convidam o público a refletir (e reagir) diante das imagens projetadas nas telas. O perfil da 43ª edição, no entanto, promete ressaltar uma outra marca do evento — o poder de renovação. Os seis longas-metragens que concorrem ao Candango são assinados por cineastas que estreiam na sessão principal da mostra competitiva em 35mm.

A ausência de diretores
veteranos faz deste ano um capítulo atípico na história do festival. Em 2003, por exemplo, a lista de diretores de longas selecionados incluía Rogério Sganzerla, Júlio Bressane e Sylvio Back — mas nenhum novato. No ano passado, nomes familiares aos habitués da mostra, como Evaldo Mocarzel e Geraldo Moraes, circularam no Cine Brasília. Em 2010, cada noite instigará novas expectativas. Pode-se esperar surpresas de um time de autores cujos estilos ainda não são reconhecidos pelo público do festival. O desafio de marcar território une as “estreias” de Felipe Bragança e Marina Meliande (A alegria), Tiago Mata Machado (Os residentes), Sérgio Borges (O céu sobre os ombros) e Marcelo Lordello (Vigias).

Mesmo os realizadores com maior visibilidade no cinema nacional trazem a Brasília obras que, concentradas em grande parte no eixo Rio-Minas Gerais, têm ares de début. Eryk Rocha (de
Rocha que voa) e João Jardim (de Janela da alma e Pro dia nascer feliz) se aventuram pela primeira vez no universo dos longas de ficção com, respectivamente, Transeunte e Amor? “É uma curadoria muito interessante, corajosa. A maioria dos selecionados é de uma geração que começou a fazer filmes na mesma época e hoje tem entre 30 e 40 anos. Nenhuma dessas obras trabalha com modelos convencionais de produção ou narrativa. É, por isso mesmo, um momento instigante”, resume Eryk, 32 anos.

Juntos, os seis escolhidos apresentam uma safra com traços em comum. Um deles é a familiaridade com a tecnologia
digital. Outro, e que deve se tornar um tema recorrente nas mesas de debate do festival, se revela no desejo por ignorar os limites entre a ficção e o documentário. “Eu diria que Amor?  é o primeiro filme de ficção que faço. Só tem uma imagem de arquivo. Mas ele foi todo desenvolvido a partir de entrevistas”, exemplifica João Jardim, 46 anos. A colaboração entre equipes também se mostra uma onda inevitável: o fotógrafo e montador de O céu sobre os ombros, Ivo Lopes Araújo, também fotografa Vigias. Já a roteirista do longa, Manuela Dias, colabora em Transeunte.

Colaboraram Mariana Moreira, Ricardo Daehn, Yale Gontijo e Regina Bandeira (especial para o Correio)


43º FESTIVAL DE BRASÍLIA
DO CINEMA BRASILEIRO


Hoje, cerimônia de abertura na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Claudio Santoro, às 20h30, para convidados, com exibição do curta 50 anos em 5, de José Eduardo Belmonte, e da cópia restaurada de Lilian M: relatório confidencial, de Carlos Reichenbach. Mostra competitiva em 35mm começa amanhã no Cine Brasília (106/7 Sul), em sessões às 20h30 e às 23h30. Ingressos a R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia). Não recomendado para menores de 16 anos.

Fonte: http://divirta-se.correioweb.com.br/materias.htm?materia=11706&secao=Programe-se&data=20101123 

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